Por Wilton Abrahim G. Garcez 


Na sociedade atual que vivemos, capitalista e consumista, há diversos assuntos que sem querer, não percebemos, mas que fazem parte da nossa convivência do nosso cotidiano. Pode ser uma notícia de um blog, de um jornal impresso. Pode ser talvez uma temática “bombando” nas redes sociais. Entretanto, pouco ou quase se fala na oração diária. 

Estamos vivendo a quaresma. Tempo de conversão. De preparação para Páscoa do Senhor. De Jejum, oração e penitência. Fazemos parte de uma cultura ocidental cristã. Como cristãos, buscamos imitar a Divino Mestre. A oração é um exercício prático e importante para o crescimento espiritual e até mesmo intelectual. 

Quando eu era criança, minha avó me ensinou a rezar. Lógico, que como criança, não sabia do que se tratava. Mesmo assim, eu repetia os gestos e as palavras. Principalmente, quando íamos as missas dominicais. É nítido, que os pais ensinam os filhos a pedir “benção”, seja do Pai ou da Mãe, quando chega ou saí de casa. É um valor que infelizmente está se perdendo.  Assim, aprendemos a rezar. 

O então Papa, Bento XVI, em sua homília da Quarta-feira de Cinzas de 2008 nos diz: “A oração alimenta a esperança, por que nada como rezar com fé exprime a realidade de Deus na nossa vida.” É um milagre, por assim dizer, vemos testemunhos de famílias inteiras, rezarem todos os dias pelos doentes, pelo fim da pandemia e pela paz no mundo. Logo que, fazemos parte de uma sociedade acelerada, quase se encontra para conversar como a própria família. Com o isolamento social, quarentena, fez muitos parentes se encontrarem para conversar e rezar. Mesmo que seja virtual, pela internet com o uso das redes sociais. 

Certa vez, o antigo pároco do bairro, bradava sobre o ambão da palavra na missa dominical, “Quem não reza, vira bicho”. Lógico que não entendia. Tempo depois, descobri pesquisando em livros, que a frase é uma referência de S. Afonso Maria de Ligório, que escreveu: “Quem reza, se salva, quem não reza se condena”.

Na Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas nos diz: “Os documentos da Igreja primitiva testemunham também que os fiéis, cada um em particular, se entregavam à oração em determinadas horas. Cada cristão, reza de acordo com o seu tempo e do seu modo”. Mas, em um mundo tão relativista acaba-se deixando está prática de lado. 

A oração é um instrumento de comunicação e leva esperança. Geralmente, assistimos grandes manifestações de fé popular. Pode ser uma procissão, uma romaria, peregrinação ou até mesmo festejos de um padroeiro. Contudo, com o surgimento da síndrome respiratória e a contribuição da população no isolamento social, fez estes de tipos de atividades serem cancelados. Entretanto, nosso povo tem fé. Segundo o site observatoriodatv.uol.com.br: “A celebração, presidida pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, chegou a 5ª colocação e na média geral 6° lugar entre os canais abertos na praça paulistana”. Mostra que o povo tem esperança em Deus e que busca está em comunhão. 

Certa vez, fiz uma experiência missionária, no interior do Amazonas, no Rio Solimões, uma comunidade de várzea, onde uma vez por mês, tinha a celebração da Santa Missa. Mas, durante a semana, os leigos da comunidade, rezam acompanhando a missa pela televisão ou rádio. Assim, também está acontecendo em muitos lares cristãos. 

Vivemos em tempos de incertezas, de tristeza pelo alto número de falecidos, vírus mortal e suas variantes, depressão e suicídio entre os jovens, agrava-se os casos de feminicídio e homicídio. Intratabilidade econômica, desemprego e fome e etc. E começamos a interrogamos onde Deus nos ouve? Uma vez, li nos escritos de São João Bosco que nos diz “Muitos cristãos pensam que suas orações são inúteis ou por que não veem logo o resultado ou porque não obtêm as graças que pediram. É necessário saber que Deus ouve as nossas orações da maneira e no tempo que Ele sabe mais oportuno e conveniente para a santificação das nossas almas e para o crescimento do seu Reino, sem nos dar a conhecer sempre este modo e este tempo.” (BOSCO, São João. Ensinamentos de vida espiritual- Uma antologia. 1.ed. Editora Dom Bosco. 2014. P. 140.)

Algumas pessoas já perderam a fé. Por outro lado, é o momento de buscarmos o essencial em nossa vida. Há pessoas que estão aproveitando para rever a vida. Há outros que estão empenhados estudando em casa, para se tornarem melhores profissionais no mercado de trabalho.

Não quero trazer um tratado de oração, nem um manual de como rezar. Cada indivíduo faz parte de uma crença, cultura ou religião, mas que buscam está em sintonia com a realidade que vivem em comunhão com o seu intermediário. A escuta se faz presente em nosso meio social, sobretudo nas relações sociais com pessoas de outras denominações religiosas, cristãos e também não-cristã. A quaresma é tempo de oração, o serviço da escuta do irmão que reza diferente de mim, é preciso ser levado em conta para a construção da cultura da paz e da esperança. Trouxe aqui, uma reflexão de como seria o mundo, se abrir-se a vontade de Deus.

A oração é o meio de comunicação mais eficaz de comunhão com Deus.  Como um amigo que se comunica com outro amigo, para saber com vão as boas novas, sejam elas, alegres ou tristes. Por isso, rezemos sempre. 

Wilton Abrahim G. Garcez 

Formado em Licenciatura plena em História pela Universidade Federal do Amazonas e colaborador da Pastoral Universitária-Manaus e voluntário no Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental. - SARES.

Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem