São Francisco de Assis

Filme: São Francisco de Assis
Francisco de Assis renuncia às riquezas de sua família depois de ouvir a voz de Deus, mas encontra resistência por parte daqueles que duvidam de sua fé. O seu exemplo faz com que a aristocrata Clara deixe sua família e entre para um convento.
Data de lançamento: 12 de julho de 1961 (EUA)
Direção: Michael Curtiz
Música composta por: Mario Nascimbene


Biografia
Filho do comerciante italiano Pietro di Bernadone dei Moriconi e sua esposa Pica Bourlemont, cuja família tinha raízes francesas. Na ausência do pai, em viagem à França, sua mãe o batizou com o nome de Giovanni (João, em português) na igreja construída em homenagem ao padroeiro da cidade, o mártir Rufino. A origem de seu nome Francesco (Francisco) é incerta.
O menino cresceu e se tornou um jovem popular entre seus amigos, por sua indisciplina e extravagâncias, por sua paixão pelas aventuras, pelas roupas da moda e pela bebida, e por sua liberalidade com o dinheiro, mas mostrava uma índole bondosa.
Em 1202 alistou-se como soldado na guerra que a cidade de Assis desenvolvia contra Peruggia, mas foi capturado e permaneceu preso, à espera de um resgate, por cerca de um ano. Ao ser libertado caiu doente quase todo o ano de 1204. Ali se apresentaram as duas afecções que o acompanharam por toda a sua vida: problemas de visão e no aparelho digestivo. Depois de recuperado tentou novamente a carreira das armas, engajou-se em 1205 no exército papal que lutava contra Frederico II.
O crucifixo de São Damião. Mestre anônimo do século XII, hoje na Basílica de Santa Clara, Assis
Depois, já em Assis, durante uma algazarra com seus amigos, teria sido tocado pela presença divina, e desde então, começou a perder o interesse por seus antigos hábitos de vida e mostrar preocupação pelos necessitados. Eleito "rei da juventude" em um festejo folclórico tradicional, em vez de preparar-se para a entrada em uma vida de casado, como seria o costume, retirou-se, conforme relatou seu primeiro biógrafo Tomás de Celano, para uma caverna a fim de meditar, acompanhado de apenas um amigo fiel, para quem revelou suas preocupações e seu desejo de obter o tesouro da sabedoria e de desposar a vida religiosa.

Certo dia saiu em um passeio pelos campos nos arredores, e ao penetrar em uma clareira ouviu o som do sino que os leprosos, proscritos pela sociedade, deviam usar para indicar a sua aproximação, e logo se viu frente a frente com o homem doente. Fazia frio e o leproso tinha apenas trapos sobre o corpo. Francisco sempre sentira repulsa dos leprosos, mas nesse momento desceu de seu cavalo e cobriu o homem com seu próprio manto. Espantado consigo mesmo, olhou nos olhos do outro, e viu sua gratidão, e enquanto ele mesmo chorava, beijou aquele rosto deformado pela moléstia. Este parece ter sido o ponto de virada em sua vida, mas sua vocação não se declarou toda subitamente, e a cronologia desses e outros episódios preparatórios para sua conversão não é clara nas fontes antigas.

Mas certa feita entrou para orar na igreja de São Damião, fora das portas da cidade, e ali, diz a tradição, ele ouviu pela primeira vez a voz de Cristo, que lhe falou de um crucifixo. A voz chamou a sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja, e instou para que Francisco a reconstruísse. Imediatamente voltou para sua casa, recolheu diversos tecidos caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo preço no mercado da cidade, e voltou para a igreja onde tivera sua revelação doando o dinheiro para o padre, a fim de que ele restaurasse o prédio decadente. Ao saber disso o pai se enfureceu e mandou que o buscassem. Atemorizado, Francisco se escondeu em um celeiro, onde seu amigo lhe levava um pouco de comida. Passado algum tempo, decidiu revelar-se, e diante do povo de Assis se acusou de preguiçoso e desocupado. A multidão o tomou por louco e divertiu-se apedrejando-o. O pai ouviu o tumulto e o recolheu para sua casa, mas o acorrentou no porão. Alguns dias depois sua mãe, por compaixão, livrou-o das correntes, e Francisco foi buscar refúgio junto ao bispo. O pai seguiu-o e o acusou de dissipador de sua fortuna, reclamando uma compensação pelo que ele havia tirado sem licença de sua loja. Então, para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas belas roupas e as colocou aos pés do pai, renunciou à sua herança, pediu a bênção do bispo e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, da qual jamais retornou. O bispo viu nesse gesto um sinal divino e se tornou seu protetor pelo resto da vida.

Anos finais e morte
Seus anos finais foram passados em tranquilidade interior, quando, segundo seus biógrafos primitivos, seu amor e compaixão por todas as criaturas fluíam abundantes, ao mesmo tempo que ele experimentava repetidas visões e êxtases místicos, fazia outros milagres, continuava a percorrer a região em pregações, e multidões acorriam para vê-lo e tocá-lo. No Natal de 1223 foi convidado pelo senhor de Greccio para celebrar a festa numa gruta com pastores e animais, desejando recriar o nascimento de Cristo em Belém, sendo a origem da tradição dos presépios. Na primavera seguinte, viajou para a Porciúncula a fim de assistir a reunião do Capítulo Geral, e em seguida retirou-se para o santuário do Monte Alverne, acompanhado dos irmãos Leo, Ruffino, Angelo, Silvestre, Illuminato, Masseo e talvez também Bonizzo. Muitas vezes os deixava e se embrenhava nas matas, a fim de meditar solitário, levando consigo apenas os Evangelhos e comendo muito pouco.

Basílica de São Francisco de Assis, em Assis
Durante uma dessas meditações, em 14 de setembro de 1224, no dia da Festa da Exaltação da Santa Cruz, no Monte Alverne, acompanhado do Frei Leo, Francisco viu a figura de um homem com seis asas, semelhante a um serafim, e pregado a uma cruz, e à medida que continuava na contemplação, que lhe dava imensa felicidade mas era sombreada de tristeza, sentiu se abrirem em seu corpo as feridas que o tornaram uma imitação do próprio Cristo crucificado. Foi, dessa forma, o primeiro cristão a ser estigmatizado, mas enquanto isso lhe trazia alegria, sendo um sinal do favor divino, foi-lhe motivo de muito embaraço e sofrimento físico. Sempre tentou ocultar os estigmas com faixas e seu hábito, e poucos irmãos os viram enquanto ele viveu. Mas eles lhe causavam muita dor e com isso dificultavam seus movimentos, além de sangrarem com frequência. Muitas vezes teve de ser carregado por não poder andar, ou teve de viajar sobre uma mula, o que não era permitido aos irmãos por ser um luxo.

Também padeceu de outras enfermidades, ficou quase cego, e as suas dores de cabeça eram terríveis, mas apesar de receber ordem de procurar tratamento, os médicos nada puderam fazer para aliviá-lo. Passou algum tempo sob os cuidados de Clara, e ali deve ter composto, em 1225, seu Cântico das Criaturas, mas sua condição se deteriorava diariamente, e ditou seu Testamento. Melhorou então, e viajou para um eremitério perto de Cortona, mas ali piorou novamente, e foi levado para Assis, hospedando-se na casa do bispo em meados de 1226. Pouco depois, pediu para ser levado à Porciúncula, para que pudesse morrer entre os irmãos.

Sentindo a morte próxima, solicitou a uma amiga romana, a nobre Jacopa de' Settesoli, que trouxesse o necessário para seu sepultamento, e também alguma comida bem preparada, que ele havia provado em sua residência em Roma e que deveria aliviar seu sofrimento. Foi despedir-se de Clara e das irmãs em São Damião e voltou à Porciúncula, deu instruções para ser sepultado nu, e no pôr do sol de 3 de outubro de 1226, depois de ler algumas passagens do Evangelho, faleceu rodeado de seus companheiros, nobres amigos e outras personalidades. As fontes antigas dizem que, nesse momento, um bando de aves veio pousar no telhado e cantou. Logo em seguida, o Irmão Elias notificou a todos de seu desaparecimento e divulgou sua estigmatização, até ali mantida em sigilo, seu corpo foi examinado por muitas testemunhas a fim de comprová-lo, e o povo de Assis e dos arredores acorreu para prestar-lhe sua última homenagem.

Foi enterrado no dia seguinte na igreja de São Jorge. Menos de dois anos depois, o papa Gregório IX foi pessoalmente para Assis para canonizá-lo, o que aconteceu em 6 de julho de 1228 com grande pompa. Em 1230, foi inaugurada uma nova basílica em Assis, que recebeu seu nome e, hoje, guarda as suas relíquias e abriga o seu túmulo definitivo. A basílica foi decorada no fim do século XIII por Giotto di Bondone com uma grande série de afrescos que retratam a vida do santo.

Fonte texto: Winkipédia