Dom José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar de Manaus e referencial na Organização dos Seminários e Institutos Filosóficos-Teológicos do Brasil (OSIB) e da Pastoral Vocacional e Serviço de Animação Vocacional da Igreja do Brasil representou a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no evento, que aconteceu nos dias 04 a 06 de setembro de 2020, por videoconferência, e foi organizado pelo Instituto Terapêutico Acolher (ITA).
Na ocasião, dom José dirigiu a oração inicial, saudou a todos os participantes, parabenizou os organizadores e recordou o quão desafiadora é a missão do formador e da formação, seja nos dias atuais – pandêmicos – ou em outros tempos.
“A pandemia trouxe consigo a instabilidade, em várias frentes, não apenas na saúde e na economia… São novos tempos, que exigem de todos muitos aprendizados, novos caminhos, novas estratégias e planejamentos. A realização deste simpósio, neste formato ‘virtual’ é prova disto. O tempo não para, a vida continua, os desafios surgem, crescem… E nós, cristãos leigos e leigas, pessoas de vida consagrada, ministros ordenados, discípulos missionários de Jesus, que sonhamos na realização do Reino de Deus e que dedicamos nossas vidas para que justamente haja vida plena na sociedade, mais justiça e paz, devemos nos manter animados, esperançosos, continuando a semear o Espírito divino onde quer que seja”.
Dom José, ao mencionar o tema do simpósio, “desafios e possibilidades no campo formativo”, afirmou que os desafios refletem também no processo vocacional, na formação de futuros leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos, padres, bispos. Para o caso específico da formação dos futuros sacerdotes, destacou alguns trechos das diretrizes fundamentais para a formação sacerdotal:
“A formação dos sacerdotes é a continuação de um único ‘caminho de discipulado’, que se inicia com batismo, se aperfeiçoa com os demais sacramentos da iniciação cristã, para ser depois acolhido como centro da própria vida no momento de entrada no Seminário, e continua por toda a vida; obviamente, a formação inicial no Seminário distingue-se daquela permanente quanto ao tempo, modo e finalidades específicas, mas constitui com essa uma única formação progressiva – aquela que se realiza na vida do discípulo sacerdote, o qual, permanecendo sempre na escola do Mestre, não cessa de buscar a configuração a Ele […]. A ideia de fundo é que os Seminários possam formar discípulos missionários enamorados do Mestre, pastores com cheiro das ovelhas que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de Deus. Por isso, é necessário que cada sacerdote se sinta sempre um ‘discípulo a caminho’, carente constantemente de uma formação integral, compreendida como contínua configuração a Cristo”.
Em outras palavras, afirmou dom José, “o ideal é nos aproximarmos o máximo da pessoa de Jesus, fazendo o que ele fez, sentindo os mesmos sentimentos dele, amando como ele amou, perdoando como ele perdoava”. Essa meta, de acordo com ele, deveria ser a de todo batizado. “Um desafio de ontem e de hoje. É permanente”, disse. Dom José também citou a Ratio Nationalis ou as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja do Brasil:
“O seminário de hoje tem a missão de formar presbíteros capazes de dialogar com a realidade plural e atuar pastoralmente no meio do povo, valorizando os leigos e leigas em seus diversos carismas, serviços e ministérios […]. Vive-se uma mudança de época que afeta paradigmas estabelecidos e valores culturais e morais. Essa mudança de época clama por pessoas integradas, capazes de ler e interpretar os sinais dos tempos, no horizonte da fé” (n. 7 e 9).
Em síntese, acentuou dom José, o grande desafio da formação na atualidade é formar pessoas que saibam dialogar, seja na realidade em que estiver inserido, ou nas Redes Sociais. E para manter um diálogo autêntico, que não seja dominador ou “clericalista”, o candidato ao sacerdócio deve estar integrado consigo, com o outro, com Deus e com o Cosmos, a “Casa Comum”. E ter capacidade de compreender os sinais dos tempos. Ou seja, “uma missão nada fácil para os formadores”, deixou claro o bispo.
Dentro do contexto de preocupação com a formação, dom José citou também a Exortação Apostólica Pós Sinodal Pastores Dabo Vobis, de 1992: “A formação dos futuros sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, e o assíduo cuidado, mantido ao longo de toda a vida, em vista da sua santificação pessoal no ministério e da atualização constante no seu empenho pastoral, é considerado pela Igreja como uma das tarefas de maior delicadeza e importância para o futuro da evangelização da humanidade”.
Na conclusão, dom José alertou para não nos esquecermos de “rezar e trabalhar pelas vocações, missão de todos nós na Igreja, que necessita de presbíteros fraternos, orantes e servidores” (Doc. CNBB 110, n. 391). E desejou que, de fato, “nossos presbíteros e seminaristas sejam mansos e humildes de coração, simples nas atitudes, fortes na unidade, firmes da fé, repletos de esperança e solícitos na caridade”.
Fonte: CNBB
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